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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Quanto custa poupar?

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Acabo de entrevistar um economista para uma dessas matérias sobre finanças, com o objetivo de esclarecer aos telespectadores sobre questões que na verdade eles conhecem, mas... esquecem... O tema era o Custo Efetivo Total de produtos financiados. Uma conta na verdade simples: voce compra um carro popular, seminovo, no valor de 24 mil reais, mas resolve financiar em 36 meses. Com uma entrada de dez mil reais, o restante fica dividido em parcelas de 516 reais por mês, o que no final dá um valor de 28.576 reais, ou seja, voce está comprando o produto e pagando 4 mil 576 reais só em juros! A orientação do economista é básica: colocar o equivalente às parcelas na poupança e comprar o carro à vista, com descontos atrativos, que podem baixar mais o preço do carro. O problema é: quantos brasileiros conseguem fazer isso? É uma questão de cultura. Uma pessoa consegue incluir no orçamento, meio no aperto, a parcela do financiamento, mas não consegue colocar o mesmo valor na poupança e deixar o

Isso sim é superação!

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Todos os anos, quando chegam novos alunos na Ufal, nos deparamos com várias histórias de persistência e superação. Gente que tentou o vestibular várias vezes até passar no curso que queria, gente que estudou dias e noites, abandonando lazer e amigos, gente que sonhou com o curso superior mesmo com poucos recursos para estudar... Mas, Paulo César Oliveira merece uma menção honrosa no quesito superação. Pobre, negro, deficiente físico, hemofílico, morador de um bairro considerado violento e marcado pelo tráfico de drogas, o Clima Bom. Com dificuldades de se locomover, Paulo chegou a ficar dez anos sem estudar, até que soube do vestibular comunitário, mantido pelo programa Conexões de Saberes, do Governo Federal, que estava oferecendo aulas no bairro dele. Neste cursinho, universitários da Ufal ensinam aos candidatos de comunidades de baixa renda o conteúdo básico para enfrentar o processo seletivo. A mãe de Paulo empurrava a cadeira de rodas dele por mais de uma hora até chegar à

Para ter acesso ao poder que emana do povo...

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Foi preciso que elas fossem eleitas, com votos conquistados sobre cadeiras de rodas, para que os representantes do povo em Maceió percebessem que a Câmara de Vereadores tinha três lances de escada para chegar ao plenário. Logo quando se elegeram, Rosinha da Adefal e Thaise Guedes anunciaram: "não seremos carregadas até o plenário no colo de ninguém". Com isso, os integrantes da mesa diretora tiveram que buscar soluções. Os dois anos de mandato se passaram em endereços provisórios, até que a reforma fosse concluída. Hoje as vereadoras estacionaram os carros nas vagas reservadas para deficientes, bem em frente ao prédio. Subiram pela rampa na calçada e atravessaram os corredores até o elevador. Chegaram ao plenário com alguma ajuda, mas não carregadas. Ao comemorarem o feito, elas lembraram que esse deve ser um direito de todos. "Não é porque fomos eleitas vereadoras que devemos ter garantia de acessibilidade. Isso deve ser facultado a todos os cidadãos portadores d

Bastidores da Assembléia...

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Cobrir área política não é fácil. É preciso saber traduzir as entrelinhas. Os discursos são fartos, mas dizem pouco. Os detalhes são mais esclarecedores. Por isso é preciso estar atento. Mas tentar "pegar" as coisas não ditas no ar, também não significa sisudez ou tensão, pelo contrário. Quem entrar desavisadamente na pequena sala da imprensa, que nós batizamos de aquário, porque é naquela caixa de vidro que acompanhamos as ações dos parlamentares, vai achar que ninguém ali está prestando atenção no que acontece na Casa de Tavares Bastos. Cafezinho, conversas, laptops, celulares, risos e brincadeiras tudo ao mesmo tempo. Mas no meio do barulho, nenhum detalhe se perde... a movimentação, as negociações, a expressão facial e corporal dos parlamentares, tudo é devidamente registrado. Numa casa legislativa como a de Alagoas, então, não falta o que "pesquisar". Depois da operação taturana, o parlamento foi desnudado, tudo o que se sabia por ouvir dizer, foi minunc

Preciso falar de uma paixão...

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Ontem coloquei as crianças para dormir e fui deitar com a televisão ligada. Estava morrendo de sono, mas queria ver o desfile da Gaviões no sambódromo de São Paulo. Peguei no sono, mas lá pela madrugada, quando o locutor anunciou a quinta escola a desfilar, eu acordei e pulei da cama... Estava linda a Gaviões da Fiel. Entrou na avenida com toda a emoção, cantando o samba enredo com a força de quem vai comemorar o centenário. "Corinthians é o meu amor, seu manto é raça e tradição! Eu bato no peito e digo "pro" mundo, o meu orgulho de ser Gavião"... Sócrates elegante como sempre, marcando presença no desfile já que faz parte da história desse time na melhor fase, quando existia uma "democracia corinthiana" e os jogadores tinham compromisso em opinar sobre o que era melhor para a equipe. O fenômeno também estava lá, de passagem pelo Corinthians... E a torcida apaixonada como sempre, pela escola e pelo timão! Emoção contagiante! Fiquei sozinha na sala, s

A vida não vem no formato ideal

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Não sei porque ensinam para a gente um formato de vida e de familia que quase nunca é possível alcançar... assim como as formas estéticas inatingíveis para gente comum, que come e tropeça no meio da rua... Não dá para garantir que a felicidade tem que ser como a vidinha perfeita de um seriado de TV. Na vida real, as coisas começam, desandam, terminam, destilam mágoa, depois vem a cura das feridas... isso na melhor das hipóteses, porque tem gente que fica sangrando pela vida afora... Não adianta correr atrás de estereótipos palatáveis ao circulo social que esconde os problemas embaixo do tapete. É melhor encarar os problemas e tentar superá-los com realismo e tranquilidade. Talvez assim, nossos filhos possam sentir segurança de verdade... em qualquer situação... foto: arte/G1

Amai os vossos inimigos...

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"Amai os vossos inimigos. Fazei o bem aos que vos odeiam". Não, nunca alcancei a profundidade desses versículos. Nunca me senti capaz de transformar ódio em amor e muito menos oferecer a outra face... que nada! O melhor que pude fazer foi me manter em silêncio... mas o meu silêncio é profundo... pode durar décadas, séculos... é na verdade muito cruel... Mas nessa noite, depois de duas taças de vinho, comecei a pensar nas mágoas e ódios da vida e me senti vazia deles. Quem precisa carregar essa raiva?! São tão mais fragéis as pessoas que magoam. Como são solitárias as pessoas que não confiam, não abrem a guarda... Como é falsa a invencibilidade dos fortes! Nesta escuridão, quem está mais segura sou eu, que começo a compreender Walt Whitman: "forte e contente vou eu pela estrada aberta”

Sem planos para o carnaval...

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Nunca fui uma foliã muito organizada, dessas que meses antes do carnaval, já comprou o abadá, reservou o hotel ou pousada e comprou as passagens com antecedência. Meu carnaval sempre aconteceu de sopetão, e sempre deu certo. Aquelas loucuras de dividir uma casa com dezenas de pessoas, fazendo revezamento para dormir, porque não tinha lugar para todo mundo de uma vez, em Olinda ou em Salvador... bagunça boa!!! Teve um carnaval memorável em que eu e Célia saímos de moto pelo sul da Bahia, de Itabuna até Canavieiras, parando em vários lugares pelo caminho para curtir as festas... Eu gosto tanto da multidão no Campo Grande, em Salvador, como do frevo que esquenta o marco zero em Pernambuco. E nas ladeiras de Olinda, sem espaço nem para respirar... Também já passei carnavais trabalhando. Gravando flashes para a TV. E me divertia mesmo assim. Tinha o lado bom, ganhar dinheiro, ao invés de gastar, e rodar todo o litoral de Alagoas. Adoro carnaval, frevo, folia... mas esse ano, não sei mes

Café da manhã com o autor...

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Já li vários livros na vida, graças à Deus. Despertei para a leitura cedo e aos sete anos já era assídua frequentadora da biblioteca itinerante do meu bairro, lá em Santos-SP. Antes dos nove anos, devorei todos os livros de Monteiro Lobato que estavam na prateleira. E também fiquei amiga dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen e das mil e uma noites da rainha Sherazade. E segui pela vida afora lendo, sem respeitar muito a faixa etária recomendada. "Eu Christiane F", por exemplo, eu li com a mesma idade da protagonista, 13 anos. Não deveria, porque foi dificil digerir a história de uma menina da minha idade, drogada e prostituida. Mas eu lia o que me despertava curiosidade, e só depois buscava orientação. Neste mesmo período, li outro livro pouco recomendado para uma adolescente, mas que eu amei, "Papillon", de Henri Charriere, sobre a fuga de um homem de uma prisão perpétua no inferno. Na época, eu também estava me preparando para uma fuga que eu considerav

Uma sequência de erros que acaba em tragédia...

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Benilton Ferreira dos Santos, de 38 anos. Esse é o nome do irresponsável que provocou a morte de duas crianças e deixou outras duas gravemente feridas, além das que tiveram contusões mais leves, mas não vão se livrar tão cedo do trauma de ver os coleguinhas morrerem. O causador da tragédia estava bebendo desde o domingo e só parou às cinco horas da manhã da segunda-feira. Ele mesmo admitiu, ainda com a voz arrastada pela embriaguêz, que só dormiu três horas de sono, e ainda sob o efeito do alcóol, pegou o golf preto de um cliente que tinha pedido a ele para dar polimento no veículo. Sem habilitação, Benilton entrou na BR 104, que corta uma área movimentada da zona urbana de Maceió, próximo ao aeroporto. Em alta velocidade, segundo ele mesmo disse, em torno de 100 km por hora, e com seis décigramas de alcool por litro de sangue, o condutor irresponsável alegou que foi fechado por um táxi e jogou o carro para o acostamento, onde estava parada a van de transporte escolar. O impacto

De novo a questão: ser ou não ser...

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De novo  uma viagem intimista. Deve ser o dia sem trabalho, sem meu filho ( que estava com o pai dele) sem tudo o que me faz racional. Então não consigo manter quieta a louca alucinada que vive dentro de mim. Ela quer "girar e se esquecer veloz". Ainda tento. Fiz feira em pleno domingo, almocei no shopping e li mais alguns capítulos do maravilhoso "O Pianista do Silencioso", do Carlos Nealdo. Mas se eu ficar muito tempo em silêncio, sozinha, eu lembro que não sou normal. E ainda por cima, desconfio que meus melhores amigos também não são... Mas todos somos loucos de uma loucura boa, dessas de viver em sintonia com um mundo interior que a qualquer momento quer esborrar da nossa taça de sanidade e invadir o espaço do nosso roteiro cotidiano. Como não podemos "dançar na chuva", uivar para a lua e fazer rituais em torno do fogo, sem correr riscos muito sérios, então escrevemos... Despejamos em palavras doces ou picantes os sentimentos que são contidos no

Tudo sem nexo...

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Em meio a exaustão, depois de um dia muito movimentado e cheio de sons, pensamentos vagos e confusos povoam a mente. Nada que tenha nexo, nada que se possa explicar em palavras. Só aquela sensação de mormaço sufocando, antes de uma chuva redentora... O dia foi cheio de cores, pessoas desconhecidas, alguns grandes amigos... o carnaval, o calor, a agitação frenética, os acontecimentos atropelados uns sobre os outros... Sentimentos provocados por abraços, sensações despertadas por telefone. Gente, gente, gente... uma overdose de gente! Muitas vozes, muitas histórias entrecortadas, muitos comentários sobre assuntos diferentes, risos ecoando em todas as direções... e a temperatura alta!!! Corpo que se alimenta e se esvazia... experiências de muitas fases da existência liquidificadas em relatos atropelados. Tanta informação, tanta alegria, introspecção impensável nessa avalanche de vidas! Tanto medo de envolvimento e tanta vontade de unir caminhos desvirtuados... Desejos intensos desp

Enquanto isso, os barcos descansam em aguas tranquilas...

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Quando esteve em Maceió, em julho do ano passado, para a inauguração da reurbanização da orla da cidade, o presidente Lula fez uma sobrevôo de helicóptero e, com seus olhos sensíveis para a realidade social, enxergou, em meio à beleza da praia e às ciclovias reformadas, um amontoado de casebres no bairro do Jaraguá, perto do porto. Durante a solenidade, no palanque, ele olhou para o prefeito Cícero Almeida e disparou: "não é possível recuperar a orla e deixar duas ilhas de miséria”. O prefeito ainda argumentou que tem projetos para a área, mas a verdade é que essa situação se arrasta há anos e já virou uma quebra-de-braço que divide a comunidade e as autoridades públicas. Em 2004, a União cedeu a área de marinha onde está a vila dos pescadores para que a prefeitura executasse projetos de reurbanização. Várias maquetes foram apresentadas, com casinhas bonitas, saneamento e uma balança de peixe com refrigeração. Em 2008, como nada saiu do papel, a União revogou a concessão. Na Vi

Caçadora de Cadáveres...

Não sei porque cargas d'água, mas acho que foi por causa da notícia de que o Oscar de Melo vai engrossar o time da TV Pajuçara na área policial, eu comecei a lembrar do período em que fui repórter desta área, primeiro na TV Alagoas, e depois na TV Pajuçara. Eu estava muito bem na TV Alagoas, cobrindo política, todos os dias acompanhando a agenda do Governo Ronaldo Lessa, quando, em 2003,  a TV Pajuçara contratou os dois principais nomes do programa policial da TV Alagoas, Jefferson Morais e Cristiano Matheus, para fazer um novo programa. Fui chamada na sala do diretor de jornalismo, que perguntou a mim e a outro colega, que até então fazia comerciais, se nós toparíamos "segurar a onda" do Plantão até eles fazerem novas contratações. Eu não tinha muita simpatia pela exposição de cadáveres que se fazia abertamente naquele período (agora as cenas fortes estão proibidas, ainda bem), mas pensei na nova experiência e no desafio, e também não tive muita escolha senão topa

Uma tragédia e muitos porquês...

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O sargento Romulo Barros, do 4º Batalhão da Polícia Militar, com mais de duas décadas de trabalho, desabafou: "eu nunca me deparei com uma situação dessas!". O espanto não é para menos. Na tarde desta quarta-feira, 3 de fevereiro, o militar viu um jovem de 23 anos explodir o próprio corpo e quase levar junto policiais, parentes e médicos que tentavam socorrê-lo. A tragédia aconteceu na na rua Ivan Wolf, no bairro do Farol. Joel chegou na casa do tio bastante alterado, por isso os parentes resolveram chamar a polícia e o Samu. Quando os policias e os médicos tentaram se aproximar do jovem, ele acendeu um explosivo que estava junto ao corpo. Uma bomba foi detonada, decepou a mão esquerda do rapaz e abriu um buraco no abdomen dele. Outras 21 bombas ficaram dentro do saco que ele tinha na mão. Se todas tivessem explodido, possivelmente todos em volta ficariam gravemente feridos. A mãe do rapaz foi chamada e chegou junto com integrantes da igreja evangélica da qual ela partici

Jaraguá Folia resiste à falta de apoio do poder público

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Os organizadores do Jaraguá Folia querem manter o evento em alta, mesmo sem contar com todo o apoio que esperavam do poder público e da iniciativa privada. A festa está na décima edição. Começou bem no período em que o bairro histórico do Jaraguá, revitalizado, atraiu bares e boêmios que queriam reviver os velhos tempos, em que o movimento comercial do porto tornava o local um ponto de encontro e de negócios. A festa começou com três dias de folia, contou com grandes atrações como Moraes Moreira. Reascendeu a alegria de blocos de frevo, bois, batuques e outros grupos que queriam um palco e platéia para fazer a brincadeira. Ano passado o Jaraguá Folia aconteceu praticamente no escuro, sem decoração, com o mínimo de infraestrutura e sem reforço na segurança. Este ano, os organizadores querem que a décima edição seja melhor. Mas pelo jeito, vão ter que contar com o ânimo dos foliões e com a proteção de "mamãe", a boneca que proteje os filhinhos no carnaval. A prefeitura lib

Números que revelam oportunidades e sonhos...

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Estatística costuma ser considerada uma ciência fria e pouco atraente para a maioria dos mortais, mas muitas vezes só entendemos a importância de um fato quando o traduzimos em números. O novo campus da Ufal no sertão é um exemplo. Todo mundo sabe a importância da implantação de uma universidade federal pública numa área do Estado de Alagoas carente de desenvolvimento e distante de oportunidades de crescimento intelectual e acadêmico. Ficou claro o impacto da realização do primeiro vestibular, pela festa na leitura da listagem dos aprovados, que envolveu toda a cidade de Delmiro Gouveia e circunvizinhanças. Mas, ao observar os dados estatísticos dos candidatos classificados em 2010, que devem começar a estudar ainda nesse semestre no novo campus, dá para se ter uma idéia melhor da inclusão social representada pela interiorização da Ufal. Vamos aos números: segundo os dados apresentados pela Comissão Permanente de Vestibular, o novo campus terá um pouco mais de estudantes do sexo

Entre a preocupação e o orgulho...

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Durante toda a solenidade de despedida dos onze militares do exército, lotados em Alagoas, que vão para o Haiti, o olhar do cabo Alan Roger procurava alguém no meio de parentes e amigos. A bandeira de Alagoas foi descerrada e entregue ao sargento que vai levá-la durante a viagem. O padre distribuiu as bençãos e o pastor falou em esperançae proteção divina. E Roger ansioso, olhando para o aglomerado de pessoas, sem enxergar o que queria... O coronel Pinto Sampaio também se emocionou ao falar da missão que os soldados estão indo cumprir, no país devastado pelo terremoto, onde tudo, inclusive a autoestima das pessoas, precisa ser reconstruido. Depois da cerimônia, os parentes se abraçaram e choraram, divididos entre a preocupação e o orgulho, pela coragem dos homens, ainda jovens, inspirados em exemplos de solidariedade e bravura. Alan começou a ficar cabisbaixo e foi pegar as bagagens para subir ao ônibus que os levaria à Recife, onde vão se juntar ao pelotão que parte, primeiro