Uma carta para a Carol
Hoje eu fui à agência dos Correios postar uma carta para minha sobrinha de 15 anos, que mora na mesma cidade que eu, tem whatsapp, email, instagram e facebook. Nós nos comunicamos instantaneamente sempre que queremos. Mas a Carol contou para a mãe dela que queria sentir essa emoção, do século passado, de ver o carteiro chegar trazendo cartas pessoais e não apenas contas à pagar.

Pensei também nos trabalhos escolares e da faculdade. Quando eu comecei a escrever, não existiam computadores, pelo menos que eu tivesse ouvido falar. Eram equipamentos de filmes de ficção. Dava muito trabalho traçar cada letra num caderno, com caligrafia bonita, parecida com as escritas das cartilhas. Errar era complicado. Mesmo apagando com a borracha, ficava a marca do erro no papel.
Escrever de caneta, então, era tenso! Eu não gostava de borrões, por isso, para não ter que passar a limpo várias vezes, eu escrevia mentalmente o texto e só depois passava à etapa cuidadosa de redigir. Quando eu me tornei uma exímia datilógrafa, com diploma e tudo, ficava fascinada com o som do teclado. Mas o medo de errar continuava. Já pensou ter que refazer toda uma página por causa de uma letra em falso?
Aí, chegaram os computadores e o editor de texto. Que revolução para os meus pensamentos confusos. Dá para começar de qualquer parte. Não é preciso seguir um roteiro. Posso começar pelo meio, refazer o final e deletar. Essa parte de deletar é ótima. Você pode fazer sumir, sem deixar rastro, as ideias de que se arrepende. Na vida não é assim, tudo deixa marcas, mesmo que você tente ignorá-las.
Apesar das tecnologias disponíveis e da possibilidade de editar e reeditar os pensamentos, é bom relembrar o costume antigo de escrever uma carta, original, única, retrato de um momento que não pode ser refeito. Está no correio. Possivelmente falo por telefone com a Carol antes de a carta chegar. Mas já estou ansiosa pela resposta...
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