Caroneiras da Uesc
Hoje teclei no msn com uma grande amiga, que atualmente mora em Brasília, mas eu a conheci em Itabuna, a Lucyara. Começamos a lembrar dos tempos da Uesc. Fizemos pedagogia lá de 1990-1993. Formávamos um quarteto bem unido: eu, Lucyara, Karina e Socorro. Quatro anos compartilhando estudos, sonhos e as caronas que conseguíamos na rodovia Ilhéus-Itabuna.
A universidade fica no meio do caminho entre as duas cidades, numa estrada que margeia o rio Cachoeira, passando por fazendas de cacau e pasto. Um lugar muito bonito. Tenho belas recordações da paisagem no trajeto para ir às aulas, com garças nas pedras do rio.
É ainda uma tradição dar carona aos universitários. Pessoas que passam pela rodovia diariamente, geralmente, dão uma paradinha para "catar" algum estudante que vai para a cidade. Isso nos dois sentidos da pista, porque de um lado ficam os caroneiros que vão para Ilhéus e do outro ficam os que vão para Itabuna.
Eu, Karina, Lucyara e Socorro só pegávamos carona em carro que tivesse espaço para as quatro, rumo à Itabuna. Não era fácil, mas a gente conseguia todos os dias. Algumas vezes em carrocerias sujas de algum resto de carga de cacau, outras vezes em utilitários luxuosos dos fazendeiros da região, com ar condicionado e tudo...
Numa ocasião, já perto do natal, conseguimos carona coletiva em um ônibus de viagem que estava sendo recolhido para a garagem, com direito à agua mineral que sobrou no frigobar disponível para os passageiros. Teve um dia que de tanto Karina querer, conseguimos parar um daqueles caminhões gigantes, que trazem cargas do sudeste do país. Eles nunca paravam porque não tinha espaço no acostamento para um veículo tão grande... mas nesse dia, ficamos até todo mundo ir embora e insistimos até um caminhoneiro parar...
Karina adorou, mas na conversa durante a viagem, ficamos aborrecidas em descobrir que nosso diploma nos daria um salário menor do que o colega caminhoneiro gaúcho ganhava em duas semanas de trabalho. E ele ainda fez questão de frisar que não tinha terminado nem o ensino médio. "O meu negócio é a estrada", disse ele.
Tudo bem, seguimos em frente. As caronas diárias duraram mais da metade do curso, até que os pais de Karina deram um carro para ela. Menos aventura e mais conforto para todas, porque o quarteto se apossou do veículo, para a faculdade e alguns passeios. Dividindo o gasto com o combustível, é claro.
O nosso quarteto não era brincadeira. Fomos responsáveis por várias atividades interessantes, como seminários, a produção de um vídeo educativo e muitas outras coisas. Mas acho que o melhor dia foi quando levamos Paulo Freire para ministrar uma palestra sobre educação libertadora na Uesc e o auditório não coube. Tivemos que improvisar um palanque ao ar livre, com gente espalhada pelo gramado do campus, alguns até pendurados em árvores. Foi um dia glorioso.
Na formatura, no início de 1994, eu fui a oradora e incluí no discurso uma homenagem às grandes amizades que fizemos. Depois da conclusão do curso, cada uma seguiu seu caminho. Socorro voltou para Jequié, eu voltei para Maceió, Lucyara e Karina eram de Itabuna, mas Lucyara foi morar em Brasília.
Retomamos contato faz pouco tempo, graças aos sites de relacionamento. Ainda estamos atualizando as informações sobre o que cada uma está fazendo e rindo das recordações do nosso tempo de caroneiras da Uesc.
foto: a partir da esquerda, Socorro, Lenilda, Lucyara e Karina
A universidade fica no meio do caminho entre as duas cidades, numa estrada que margeia o rio Cachoeira, passando por fazendas de cacau e pasto. Um lugar muito bonito. Tenho belas recordações da paisagem no trajeto para ir às aulas, com garças nas pedras do rio.
É ainda uma tradição dar carona aos universitários. Pessoas que passam pela rodovia diariamente, geralmente, dão uma paradinha para "catar" algum estudante que vai para a cidade. Isso nos dois sentidos da pista, porque de um lado ficam os caroneiros que vão para Ilhéus e do outro ficam os que vão para Itabuna.
Eu, Karina, Lucyara e Socorro só pegávamos carona em carro que tivesse espaço para as quatro, rumo à Itabuna. Não era fácil, mas a gente conseguia todos os dias. Algumas vezes em carrocerias sujas de algum resto de carga de cacau, outras vezes em utilitários luxuosos dos fazendeiros da região, com ar condicionado e tudo...
Numa ocasião, já perto do natal, conseguimos carona coletiva em um ônibus de viagem que estava sendo recolhido para a garagem, com direito à agua mineral que sobrou no frigobar disponível para os passageiros. Teve um dia que de tanto Karina querer, conseguimos parar um daqueles caminhões gigantes, que trazem cargas do sudeste do país. Eles nunca paravam porque não tinha espaço no acostamento para um veículo tão grande... mas nesse dia, ficamos até todo mundo ir embora e insistimos até um caminhoneiro parar...
Karina adorou, mas na conversa durante a viagem, ficamos aborrecidas em descobrir que nosso diploma nos daria um salário menor do que o colega caminhoneiro gaúcho ganhava em duas semanas de trabalho. E ele ainda fez questão de frisar que não tinha terminado nem o ensino médio. "O meu negócio é a estrada", disse ele.
Tudo bem, seguimos em frente. As caronas diárias duraram mais da metade do curso, até que os pais de Karina deram um carro para ela. Menos aventura e mais conforto para todas, porque o quarteto se apossou do veículo, para a faculdade e alguns passeios. Dividindo o gasto com o combustível, é claro.
O nosso quarteto não era brincadeira. Fomos responsáveis por várias atividades interessantes, como seminários, a produção de um vídeo educativo e muitas outras coisas. Mas acho que o melhor dia foi quando levamos Paulo Freire para ministrar uma palestra sobre educação libertadora na Uesc e o auditório não coube. Tivemos que improvisar um palanque ao ar livre, com gente espalhada pelo gramado do campus, alguns até pendurados em árvores. Foi um dia glorioso.
Na formatura, no início de 1994, eu fui a oradora e incluí no discurso uma homenagem às grandes amizades que fizemos. Depois da conclusão do curso, cada uma seguiu seu caminho. Socorro voltou para Jequié, eu voltei para Maceió, Lucyara e Karina eram de Itabuna, mas Lucyara foi morar em Brasília.
Retomamos contato faz pouco tempo, graças aos sites de relacionamento. Ainda estamos atualizando as informações sobre o que cada uma está fazendo e rindo das recordações do nosso tempo de caroneiras da Uesc.
foto: a partir da esquerda, Socorro, Lenilda, Lucyara e Karina
Lua, saboroso esse seu texto de deliciosas memórias...desculpe-me a redundância. Mas o que gostei mesmo foram as bermudinhas da época...Legal, eu também as usei muito, leves e confortaveis. Abraços, Magnolia.
ResponderExcluirLua,
ResponderExcluirSilenciosamente tenho visitado e lido o seu blog. Silenciosamente tenho degustado tanta coisa boa que você tem feito. E tenho aplaudido tudo o que você escreve. Silenciosamente. Parabéns pelo blog.
Um beijo do Nealdo
Lua,
ResponderExcluirQue saudade... Fiquei vagando na sua narrativa amiga. Cada carona era uma história diferente para nos divertirmos e saber mais sobre a vida dos motorstas do Brasil.
Agora amiga que bermudas eram aquelas que a gente usava? KKK Olha gente era última moda.
Saudades
Socorro Cabral