O Lula também sou eu...
Acabo de assistir ao filme "Lula, o filho do Brasil". Estou emocionada... não posso fazer nenhuma análise sociológica, nem sobre os aspectos cinematográficos e a qualidade técnica da pelicula ou coisa assim...
Minha cabeça viajou demais enquanto eu assistia ao filme. Muitas idéias, muitas lembranças, muitas conexões com outras vidas que compõem esse mosaico...
A frase que mais ficou em mim durante o filme foi aquela dita quando o Lula resolveu recuar da greve e a base manteve o movimento. Alguém gritou "com o Lula ou sem o Lula nós vamos em frente. O Lula também somos nós!"
É isso... o Lula também sou eu...
Tem algumas coincidências. Ser pernambucana, ter passado a infância em Santos, ser Corinthiana kkk, mas não é só isso... eu pensei no meu pai e nos meus tios, que também trabalharam nas fábricas paulistas nas décadas de 60 e 70.
Eu revivi quando, já adolescente, resolvi militar no PT e isso deu a maior briga em casa com meu pai, mas anos mais tarde ele também virou "lulista". Durante o filme, passaram na minha mente dezenas de rostos amigos, com bandeiras vermelhas, em manifestações políticas.
Também reascenderam as imagens dos quilometros caminhados nas áreas rurais de Alagoas e da Bahia. Eu caminhei muito chão, mas estava bem acompanhada, de pessoas que sonhavam com um mundo melhor, mais igualitário... o engraçado é que às vezes eram comunistas que me cercavam, às vezes eram padres e freiras. Às vezes eram cortadores de cana, garis, trabalhadores do cacau... às vezes eram intelectuais engajados... e tinha dia que era tudo junto, misturado.
Eu lembrei de reuniões e assembléias intermináveis, aos sábados, domingos e feriados... mas tudo bem, era o nosso trabalho e o nosso lazer... a gente não sabia se divertir de outro jeito, a não ser todo mundo junto falando, falando e falando...
Teve uma vez que a gente montou um cinema num armazem de fumo, no agreste de Alagoas, para passar o filme sobre as greves do ABC. Aqueles milhares de sindicalistas, liderados por Lula, cercados de policiais, helicóptero sobrevoando... a cara que os trabalhadores fizeram foi de total espanto... o que é isso meu Deus...
Como num outro filme, que eu estivesse assistindo paralelo ao da tela na minha frente, eu vi mais de uma década de militância profissional rodopiando na minha mente. Sim, porque, no meu caso, as primeiras assinaturas na carteira de trabalho são do Centro de Educação dos Trabalhadores Rurais, em Camamu, e da Central Única dos Trabalhadores, em Itabuna. Eu fui "agitadora" profissional, e bastante competente por sinal....
As campanhas do Lula, nem se fala... na primeira, a de 89, eu terminei com pneumonia, de tanto andar debaixo de sol e chuva, na região cacaueira da Bahia. As outras eu já estava de volta à Alagoas. Na festa da vitória eu já não era mais filiada ao PT, mas comemorei do mesmo jeito...
Eu tenho certeza que vários amigos também sentem a mesma coisa: o Lula sou eu... só para citar os primeiros nomes que me vem a mente: Célia, Regina, Daniel, Zé, Vevéu, Iara, Nelson, Ana, Ricardo, Elder, Dinho, Valdirinha... o Lula somos nós, é ou não é, companheirada!!! E vamos em frente, que ainda não acabou...
Lua,
ResponderExcluirEu conheço parte de sua história, e tenho a impressão de entender bem o seu sentimento...e o sentimento de uma época que tão rapidamente ficou para trás, mas causou transformações.
O que deixa uma grande triteza é a série de atropelos morais que nos deparamos, quando os "nossos"chegaram ao poder.
Que demais!! O Lula é que é a Lua!
ResponderExcluirQuero muito ver o filme, mais ainda depois desse teu texto inspirador!
Beijo!
Lua emociona: é a eterna militante de coração altivo, gentil e guerreiro. Sempre ética e idealista, ela toca fundo nos nossos corações.
ResponderExcluirComadre!
ResponderExcluirQue texto... tô sem fôlego, do mesmo jeito que fiquei ao assistir o filme... Tive a mesma sensação, o Lula somos nós... todos e todas nós...
Um beijo no seu coração
Isso significa que também podemos vencer, mas é preciso lutar e não desistir nunca.
ResponderExcluirÉ preciso ter palpabilidade para escrever e sentir como você sente.
ResponderExcluirParabéns Lenilda, mas saiba que 2010 nos reserva muita luta.
Mas vejo que no Brasil existe muita gente que não aparece e que está começando a acontecer.
Conte comigo.
Abraço,
GILBERTO
O comentário é da Célia, enviado por email
ResponderExcluirRealmente dá pra gente fazer um filminho particular com as histórias.
Dá prá juntar com "Peões" do grande Eduardo Coutinho e "Entreatos" de João Moreira Sales, dois documentários sobre Lula, o primeiro no cenário das greves de 79 e 80, e o segundo sobre a campanha presidencial de 2002. Quanto ao Filho do Brasil, deveria se chamar Dona Lindu, grande mulher. Mas está certo, ele é o retrato do brasileiro.
Valeu amiga!!
comentário de Iara Santos, de Ibicaraí-Ba, enviado por email:
ResponderExcluirSou a Iara da História
Minha “única amiga Lua” amei o seu texto, ainda não vi o filme, mas, estou lendo o livro e a cada página, não consigo desgrudar dele. Aqui em Ibicaraí ainda não entrou em cartaz, estamos aguardando ansiosos para vermos todos juntos, todos aqueles que fundaram o PT na cidade em 89 e os novos militantes que chegaram até hoje.
Com esse seu texto me fez relembrar as nossas aventuras, meu inicio na militância... antes mesmo de ser petista eu fui da tendência que na época era a Força Socialista, depois é que fundamos o PT aqui. Foram os melhores momentos de minha vida... foi Lua que me iniciou na militância. Você me fez ver junto com o nosso Lula, que um país melhor era possível.
Foi a companheira Lua que juntamente com meu amigo deputado federal e hoje Secretário de Justiça da Bahia, Nelson Pellegrino, .. nos ajudaram a plantar a sementinha aqui e que naquele momento contávamos apenas com cinco companheiros e hoje essa semente já rendeu bons frutos, após 20 anos de luta conseguimos vencer a última eleição municipal, você também faz parte da nossa história.
Quantas caronas pegamos (já que a grana era curta) para ir a Camamu, algumas até perigosas por sinal, lembro-me de uma vez que fomos em um caminhão que transportava carvão e chegamos sujas da cabeça aos pés, a carroceria balançava como se fosse uma canoa, kkkkk, mas Lua nunca deixava de comparecer aos compromissos, eram caminhadas e mais caminhadas na zona rural até chegarmos ao destino onde bastante politizada que é conseguia ajudar os companheiros a irem a luta pelos direitos. E as “brigas” nas disputas da direção da CUT? Que loucura... sabe que sinto falta disso?
O Lula também sou eu.
Lua,
ResponderExcluirVocê me emocionou com essa postagem. Assisti ao filme em Ilhéus e me lembrei muito de você. Chorei muito e não sei fazer nenhuma análise agora. Só te digo que valeu a pena.
beijos,