Informação, Tecnologia e Cultura Digital: As redes sociais no cotidiano

Lenilda Luna - jornalista
Facebook, Orkut, Twitter, Linkedin, blogs... São tantas as ferramentas de relacionamento online que cada vez mais os cientistas se voltam para o estudo sobre as consequências deste fenômeno. Já se fala até em “fadiga virtual”. Mas,  não se pode negar que as redes sociais estão incorporadas ao cotidiano de milhares de pessoas em todo o mundo. Desta forma, as empresas também se dedicam a desenvolver estratégias de interação com os internautas.

Nas universidades, as redes sociais e outras ferramentas da internet também estão cada vez mais presentes no ambiente acadêmico e passam a ser utilizadas como recurso didático. “Não adianta ficar criando resistência. A cultural digital é uma realidade. É preciso desenvolver estratégias produtivas de utilização das redes sociais”, afirma o professor Ronaldo Ferreira de Araújo, vice-coordenador do Curso de Biblioteconomia da Ufal (http://www.ichca.ufal.br/graduacao/biblioteconomia/v1/ ) e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

Ronaldo Ferreira coordena a linha de pesquisa  “Informação, Tecnologia e Cultura Digital” no curso de Biblioteconomia e tem alguns projetos em andamento. “A proposta é desenvolver métodos para avaliar a cultura digital na realidade de Alagoas”, explicou o pesquisador. Um exemplo foi o levantamento que o grupo de pesquisa fez sobre a utilização do twitter pelo setor de turismo gastronômico, na alta temporada de 2010. “Os alunos passaram três meses acompanhando todas as mensagens postadas pelo setor e perceberam que a comunicação ainda não é muito eficiente nem baseada em um planejamento de marketing digital”, revelou o pesquisador.

Os alunos do grupo de pesquisa também acompanharam outras empresas nas redes sociais de Alagoas. “Embora existam algumas iniciativas positivas, percebemos que o marketing digital ainda é pouco valorizado pelas empresas locais”, disse o professor. Segundo ele, não é só nas empresas que a utilização destes recursos ainda é tímida. “Precisamos dar uma outra dinâmica também na própria universidade”, ressalta Ronaldo.

Ativismo digital

Outra realidade pesquisada pelo grupo é a forma como as redes sociais são utilizadas para  mobilizar pessoas. Segundo o professor, sites de relacionamento também são ferramentas para conseguir adeptos para a defesa de propostas, que podem culminar em uma certa organização e mobilização. “O movimento Na Mesma Moeda  é um exemplo. Ano passado, os usuários passaram da ação de 'curtir', 'compartilhar' ou 'retuitar' para uma iniciativa concreta de sair de casa, dirigir o carro até um ponto de concentração e realizar um protesto muito bem organizado pela cidade”, destacou Ronaldo.

O pesquisador ressaltou ainda outros exemplos internacionais, como a grande mobilização virtual em apoio às manifestações populares no Egito e o protesto contra o apedrejamento de uma iraniana acusada de infidelidade. “A internet acaba derrubando distâncias e limites territoriais e culturais”, reflete Ronaldo Ferreira.

Com relação a este ativismos cultural, o professor Ronaldo Ferreira desenvolve um projeto de Extensão intitulado “A identidade afro-alagoana e o ativismo online: (inter)ações do movimento negro de alagoas na web”, que tem como objetivo investigar a apropriação social das tecnologias digitais pelo movimento afroalagoano. “Estamos mapeando movimento afroalagoano na web em ambientes como blogs, microblogs, perfis e comunidades em redes sociais. Queremos promover o diálogo com integrantes destes movimentos sobre as estratégias do ativismo online e estimular a participação coletiva e cidadã pela causa do negro em Alagoas”, ressalta o professor.

Ronaldo Ferreira escreveu um artigo sobre este projeto de Extensão, que foi aprovado para apresentação em uma conferencia internacional, em Recife, no próximo mês de setembro. “Minha apresentação terá como foco a preservação digital da memória dos movimentos sociais na web”, destaca o professor.

Blogueiros

Os blogs merecem uma atenção especial na pesquisa do professor Ronaldo Ferreira de Araújo. O pesquisador inclusive desenvolveu um blog, melhor ferramenta para fomentar a discussão com as pessoas que produzem textos sobre os mais diversos assuntos na internet e compartilham experiências, informações e opiniões. O blog Cibercultura Alagoana é definido como um espaço de discussão sobre Cultura Digital em Alagoas, que reúne iniciativas e práticas em torno da apropriação que a sociedade alagoana faz do digital.

“Eu considero um 'blog de extensão',  pois por meio dele me relaciono com atores envolvidos com a cultura digital no Estado. A partir dos contatos feitos por meio do blog, já organizei duas edições de 'Encontros de Blogueiros de Alagoas',  como projeto de Extensão, apoiado pela Proex”, relata o professor. Neste projeto foram realizados, em 2011, encontros de Blogueiros. Os encontros chamaram a atenção pela representatividade e pela participação ativa de vários blogueiros do Estado, entre eles o que foi realizado em maio, no Espaço Linda Mascarenhas, e outro na Ufal, em junho.

“A noção de uma blogosfera ativa está ligada a capacidade dos blogueiros e blogueiras se articularem em torno de causas sociais comuns, seja o cotidiano do seu município, expondo problemas e valorizando boas práticas, ou sua capacidade conjunta de cobrirem fatos e eventos que envolvem questões específicas como o meio ambiente, saúde, educação dentre outras”, define o professor e blogueiro, Ronaldo Ferreira.

Pela necessidade de compartilhar informações sobre as várias atividades realizadas em ensino, pesquisa e extensão, o professor de Tecnologia da Informação no curso de Biblioteconomia mantem um outro blog.

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