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Mostrando postagens de abril, 2010

Poeminha tosco para curar uma mágoa

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Era uma ferida aberta disfarçada por um sorriso Mas quem poderia saber? E o toque que seria de cura sem querer magoou mais ainda Mas tudo cicatriza meio torto, meio feio, ainda em brasa Tudo caminha para algum fim meio tosco, partido, mal colado Até que um dia a beleza da vida se revela de novo numa manhã orvalhada e leve em que o peito parece não doer mais No entanto, até que chegue essa alvorada de alívio será preciso atravessar uma longa e silenciosa noite Não há como fugir para sarar de verdade é preciso sentir a dor imagem tirada do blog

Mulheres que correm com os lobos...

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Estou revisitando este livro de Clarissa Pinkola Estés, que foi lançado em 1992 e eu li a primeira vez dez anos depois, em 2002. Desde então, ele é um companheiro silencioso na estante. Quando eu preciso lembrar algum recado do arquétipo da mulher selvagem eu releio partes... É um livro bom quando se está vivendo um processo de mudança. As velhas lendas infantis contêm mensagens importantes passadas às gerações, para alertar sobre armadilhas que corremos o risco de cair quando estamos ainda na fase nebulosa de se redescobrir e decidir sobre um novo rumo... Recados como não se contentar com pouco, ou não tentar colar os cacos de qualquer jeito... "Há algo na alma selvagem que não nos permite sobreviver para sempre com migalhas. Porque na realidade é impossível para uma mulher que luta pela conscientização respirar um pouquinho de ar puro e se contentar com isso só. Lembre-se de quando voce era criança e descobriu que era impossível cometer suicídio prendendo a respiração? Em

Estamos juntos nessa...

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Vinte anos se passaram e a saudade volta com uma intensidade como se tivesse sido ontem. Então eu descubro que ela nunca foi embora... Sempre foi um vazio, às vezes mais silencioso, às vezes doloroso como um buraco aberto no peito, sangrando... Evaldo foi o meu primeiro e grande amor, mas eu nunca disse isso a ele, também, naquele tempo, eu não tinha maturidade para saber, eu só sentia que tudo se iluminava na presença dele, mas como uma adolescente militante de esquerda, achava piegas falar essas coisas... Tinhamos que falar da revolução, da rebeldia, da coletividade... o amor era um assunto subjetivo demais, nebuloso... eu lembro uma vez que Evaldo veio da Bahia para se reunir comigo sobre os rumos do MCR em Alagoas ( que nunca teve rumo e não passou de um grupelho miúdo de militantes) e colocou em um papel os pontos de pauta. Estavam escritos: organização partidária, célula rural e por último...nós... nós éramos um ponto de pauta... Tudo bem, nós atropelamos tudo... ele tentou

O desenvolvimento econômico mudando a paisagem...

Hoje acompanhei a audiência pública para discutir a instalação do Estaleiro Eisa em Coruripe. Mais de duas mil pessoas foram mobilizadas. Gente de vários grupos partidários, organizações sociais e pescadores. A maioria quer a empresa funcionando na cidade. Todos sabem que isso vai mudar a paisagem daquela região bucólica, mas estão dispostos a enfrentar as consequências. Vai ser estranho, no horizonte onde só se viam barcos pequenos e jangadas à vela, de repente vislumbrar um enorme navio cargueiro. Mas a necessidade de desenvolvimento econômico fala mais forte. Nessa região de emprego sazonal no corte da cana ou dos desafios da pesca artesanal, as pessoas querem contar com uma mega empresa que vai gerar mais de quatro mil empregos diretos e uns vinte mil empregos indiretos. É muita coisa para uma cidade com poucas opções. Na verdade, é dificil projetar a dimensão do que vai ser esse estaleiro em Coruripe. Algumas pessoas nem acreditam que isso vai mesmo acontecer. Mas tud

Liberdade para os tambores...

Hoje parecia uma tarde perdida no trabalho. Minha primeira pauta caiu. Era sobre um homem que estava denunciando a prisão injusta do irmão dele. Quando eu cheguei lá para apurar, a tal vítima estava cumprindo pena de sete anos pelo assassinato da esposa, conseguiu a liberdade condicional ano passado e simplesmente não compareceu ao fórum nenhuma vez para assinar o livro de controle da Justiça... tinha mais é que ser preso mesmo! No lugar da pauta frustrada, a produção me mandou entrevistar o comandante do policiamento da capital sobre os assaltos e furtos nos bairros da cidade... um saco, né, porque esse tipo de matéria infelizmente já virou rotina. Quando cheguei ao CPC, encontrei o Betinho, advogado das minorias da OAB. É sempre bom sinal encontrar esse camarada, que conheço desde os tempos em que divulgava os ritmos da cultura afro. Betinho estava esperando para ser recebido pelo Coronel Mário da Hora, comandante do policiamento da capital, acompanhado por um senhor e uma senh

Um dia longoooo

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Um dia longo, muito longo, começa com uma madrugada cheia de sonhos confusos, por causa de recordações remexidas por uma sessão de terapia na noite anterior. Depois, quando o sono começa a encaixar direito, o filho chama às 4h30 e o jeito é sair de vez da cama... Um dia longo é aquele em que parte de voce está concentrada na rotina e a outra parte segue estranhamente conectada com um mundo invisível, que te envia sensações ainda sem tradução, mas que de alguma forma são familiares... Um dia longo é aquele que ao invés de ir para casa no final de um dia de muito trabalho, voce resolve dirigir um pouco a esmo e depois perambula perdida em pensamentos, tentando encontrar alguma coisa dentro de si mesma... E como um dia longo, tinha que terminar de um jeito estranho, voce entra no msn esperando conversar com uma pessoa, que não se conecta, e aparece outra que resolve te contar o que voce foi na vida passada... e aí voce chega à conclusão que é melhor ir para cama, encerrar esse dia e

No escurinho do cinema...

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Não fui assistir a Avatar logo quando entrou em cartaz em Maceió, ainda bem, porque ontem tive a oportunidade de ver o filme em 3D, no lançamento da primeira sala de cinema com essa tecnologia aqui na capital alagoana. Foi incrível ver todas aquelas cores, a floresta, aqueles seres mágicos, se movendo como se pudessem sair da tela a qualquer momento. Realmente, é um recurso que envolve o espectador de uma forma que é impossível não reagir aos movimentos dos personagens... Sobre o filme, considerei tudo o que disseram sobre ele ( e falaram muito nesse período). Mas, francamente, algumas coisas são bem básicas do cinema americano. É como recontar de várias formas aquele episódio ainda não digerido da história recente dos EUA: a derrota na guerra do Vietnã, na década de 60 do século passado. Não sei a quantos filmes já assisti, com diferenças, mas o mesmo enredo da grande potência armamentista, derrotada por umas centenas de nativos, armados com a paixão pela terra em que vivem e p

Um final feliz?! Bom, ainda não é o final...

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Ontem pela manhã, iniciei o dia de trabalho na assessoria da Ufal triste com a informação de mais um menino desaparecido na capital alagoana. A mãe estava desesperada. Passou a noite sem dormir procurando por Ruan, de 9 anos. Ele saiu de casa, depois de uma discussão em que ela acabou batendo nele. Essas histórias de mães procurando os filhos sempre me deixam com o coração apertado. Fiquei rezando por um desfecho positivo. Quando cheguei à tarde para trabalhar na TV, fiquei feliz com a informação de que o menino havia sido encontrado e estava voltando para casa. A imprensa ficou mais de uma hora esperando na porta da casa pelo tão esperado abraço de mãe e filho. Mas, na verdade, a cena não foi tão bonita. O menino estava visivelmente constrangido e assustado. Não quis abraçar a mãe e nem fez cena para os jornalistas. Crianças são bem autênticas. Conversei com a familia depois, sem querer me intrometer demais em detalhes que não são da minha conta... Mas parece que não era nada gra

No subterrâneo mundo de Psique

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Ando cumprindo com todas as minhas tarefas diárias: trabalho dez horas por dia, no mínimo, cuido de Ernesto e minha casa está o mais arrumada possível, levando-se em consideração que tenho um furacão de quatro anos dentro de um apartamento de dois quartos. Mas apesar de externamente a vida andar na rotina, a verdade é que nos últimos dias estou como Psique descendo ao inferno. Um lugar onde é preciso abandonar as esperanças para que as sementes germinem em silêncio, antes de poderem se erguer de novo à luz do sol. Mas vou logo acalmando aos amigos. Não tem nada a ver com depressão. Depois que eu li "O Demônio do Meio Dia", de Andrew Solomon, há uns sete anos, eu descobri que tenho uma reserva de energia considerável para me manter longe desse estado, mesmo diante dos contratempos da vida. Na época eu era repórter da área policial, trabalhava durante a madrugada, e uma certa "melancolia" me contaminava quase todos os dias... Também, eu via cada cena... Mas quem m

Há dias ruminando pensamentos...

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Estou naquela fase de pensamentos movendo-se silenciosamente lá no fundo do cérebro, sem vontade de vir à tona... enquanto ando nessa lua nova, vou postar emprestado um poema de Neruda que minha amiga Célia enviou, com uma linda ilustração: