Lute como uma mulher

É notório como incomoda uma mulher que ousa ocupar o espaço público para se posicionar. Basta tornar-se uma referência na comunidade onde atua para ser atacada com difamações e calúnias agressivas. Já vi isso acontecer incontáveis vezes e ainda me espanto.

Comigo não poderia ser diferente. Foi só montar uma chapa com a maioria de mulheres para disputar o Sindicato dos Trabalhadores da Ufal, para começar o bombardeio.

Eu não gosto de dar asas às fakenews porque elas são corrosivas. É uma forma de fofoca destruidora com alcance exponencial.

Usaram fatos da minha atuação de forma deturpada e grosseira, por isso, agora me apresento:

Sou militante dos movimentos sociais desde a minha adolescência. Despertei para essa luta coletiva nos tempos em que queríamos abertura política e as diretas Já. Tive a honra de conhecer o Betinho, irmão do Henfil, organizei um debate com Paulo Freire, participei de reuniões com Selma Bandeira, mobilizei brigadas de solidariedade à Cuba com Freitas Neto. Orgulho-me!

Sou jornalista, radialista e pedagoga. Já trabalhei muito e em diversas frentes. Fui educadora popular, assessora sindical, coordenadora de Educação de Jovens e Adultos, locutora de eventos, repórter de TV durante 18 anos, editora, apresentadora, e, eventualmente, assumi alguns cargos de chefia. Entrei para a Ufal em 2004, e por conta das atividades como jornalista na empresa privada, só pude me engajar no movimento sindical dos técnico-administrativos a partir de 2014, quando resolvi ficar só na Ufal, me desfiliei do sindicato dos jornalistas e passei a atuar no Sintufal.

Sou feminista. Organizo o Movimento de Mulheres Olga Benario e, junto a companheiras corajosas, cada uma com sua história, estamos nos capacitando para assumirmos a liderança das lutas que ajudamos a construir. Combatemos o machismo, denunciamos a violência, enfrentamos os preconceitos e queremos uma sociedade mais justa e igualitária.

Sou partidária. Tomo partido. Acredito em luta coletiva e organizada. A representação dos trabalhadores e trabalhadoras não pode ser delegada pelo voto às aves de rapina do capitalismo. Passei muito tempo desorganizada depois que saí do PT, em 1996. Mas em 2014, conheci o grupo que constrói a Unidade Popular. Sinto-me profundamente honrada em estar nessas fileiras, apresentando uma nova alternativa de organização política para o povo brasileiro.

Sou mãe. Meu filho tem 13 anos. Ele tem dislexia. Além de acordar todos os dias às 6 h para a escola, tem ainda as consultas semanais de fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia. Tem os exames periódicos na neuropediatra, a natação e as tarefas. E ainda tenho que arranjar tempo para rir das piadas dele. Meu filho acha que eu estou sempre cansada e rir um pouco faz bem.

Sou dona-de-casa, e as mulheres sabem como é aquela pilha de pratos que sempre reaparece mesmo quando você já deu conta dela. Aquele monte de roupa pra lavar, pendurar, retirar, separar, guardar… e o chão que nunca fica limpo… é interminável…

E sim, meu dia só tem 24 horas para dar conta de tudo isso, mas ainda tenho tempo de futucar as redes sociais e divulgar as minhas opiniões sobre tudo o que eu considero importante. Por isso, socialista, feminista, agitadora, são títulos honorários para mim e não xingamentos.

Essa sou eu, ainda em construção na minha 5ª década de vida… e não tenho medo...

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