Quem sabe a gente entenda um dia...

Tribuna Independente 29/08/2018
Fiquei pensando muito quando vi essa matéria da Evellyn na Tribuna e li essa frase: "Uma mulher tem que se organizar melhor se quiser ser mãe e estudar" Eu imaginei quantas mulheres ouvem coisas assim todos os dias: - Se você quiser aquela promoção, vai ter que se organizar, porque não vou poder abonar as faltas por causa dos seus filhos - Se você quiser fazer o doutorado vai ter que se organizar, porque eu não vou querer desculpa que não fez o artigo porque teve que cuidar do bebê - Se você quiser viajar, vai ter que se organizar, porque esse hotel não aceita bebês pequenos que fazem muito barulho... Então, imaginei uma hipótese bem maluca: Digamos que todas as mulheres, todas mesmo, resolvessem trabalhar, fazer hora extra, dedicar-se à carreira acadêmica e à pesquisa. Digamos que todas, todas, resolvessem que a maternidade é muito trabalhosa para quem tem outras aspirações Digamos que todas, todas, desistissem de procriar porque não há creches, não há apoio e a maior ou quase toda a responsabilidade com crianças sobra para a mulher mesmo... Digamos que todas riscassem a maternidade dos seus projetos de vida... Então, quem sabe, finalmente, à beira da extinção, a espécie humana se desse conta de que a maternidade não é um problema da mãe, é uma função social, a única que realmente garante a nossa sobrevivência enquanto raça humana... Então, quem sabe, as mulheres recebessem prêmios, bônus, braços solidários, sorrisos cúmplices, creches por toda a parte, até no teatro, até no cinema... só para não desistirem de ser mães Quem sabe a gente entenda um dia...

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