Educação Infantil não é para "alfabetizar"

Desde que a educação infantil ganhou status de “obrigatória” no Brasil, ou seja, desde que a Lei de Diretrizes a Bases da Educação determinou que o acesso à Educação Infantil deve ser garantido pelo Estado a todas as crianças de 0 a 5 anos, muitas alterações foram feitas na forma como os “pequenos” são tratados dentro da escola.

Os antigos modelos de creche tinham a principal tarefa de “cuidar” das crianças enquanto os pais trabalhavam, e não tinham uma orientação muito definida sobre o processo educacional nessa faixa etária. Depois, se passou para o outro extremo. Os pais e até alguns educadores começaram a pressionar por uma alfabetização precoce. As crianças já começavam a aprender a ler e escrever antes dos seis anos de idade.

Mas, segundo explicou Betânia Correia, a psicóloga do NDI, durante a reunião com os pais, a proposta da educação infantil não é alfabetizar. “Nos primeiros anos de vida, a criança tem que exercitar o lúdico. É por meio das brincadeiras que ela formula os primeiros conceitos, aprende a se relacionar em grupos, desenvolve a fantasia, forma sua personalidade e, principalmente, fortalece a autonomia e a alegria de viver, quando percebe que é amada pelos pais e pelos colegas”, destacou a psicóloga.

A diretora da escola, Pajuçara Marroquim, também ressaltou para os pais que a escola não substitui a família. “Esta é uma época para contar estórias, brincar junto com os filhos na grama, dar muitos abraços e declarar o amor pela criança. Assim elas crescem felizes e seguras”, disse a diretora.

Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil

As orientações que foram destacadas pelas educadoras do NDI estão regulamentadas nas “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil” que foram publicadas em 17 de dezembro de 2009, pelo MEC.

As escolas de educação infantil passaram todo o ano de 2010 se adaptando a essas orientações. “Para nós, não chegou a ser uma grande novidade, porque sempre trabalhamos com estes princípios”, destacou Ruth Caloête, coordenadora Pedagógica.

De acordo com essas diretrizes, “o currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade”

Sendo assim, as propostas pedagógicas da Educação Infantil devem considerar que a criança em suas relações e práticas cotidianas, onde vai construir sua identidade pessoal e coletiva. “Aqui utilizamos os projetos por áreas de saberes, onde a criança brinca e aprende pela observação e pela resolução de problemas cotidianos, junto com os colegas da mesma idade. A nossa intervenção é no sentido de contribuir, e não direcionar, o processo que eles estão vivenciando”, explicou a pedagoga Edvânia Sobral.

As diretrizes definem ainda que os princípios da educação infantil são: éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades; políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática; estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais.

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