Assombrações que não nos deixam esquecer...

Li uma crônica impressionante, que me fez pensar mais sobre toda essa polêmica em torno da proposta da "Comissão da Verdade" apresentada na Conferência Nacional dos Direitos Humanos. Uma história de como as "assombrações", a oralidade popular, não nos deixam esquecer fatos que as versões oficiais teimam em omitir, escamotear, tentar enterrar memórias em covas rasas...

Vale muito a pena ler esse texto de José Ribamar Bessa Freire, que começa com a lenda de uma lagoa dos negros, lá no Chile, mas que parece demais com a mística lagoa dos negros da Serra da Barriga, onde foi o quilombo de Zumbi dos Palmares, e onde também contam que negros mortos durante a invasão e destruição do quilombo, continuam vagando e entoando cantos.

Vou reproduzir só um trecho do texto para aguçar a curiosidade pela leitura completa:

Eis o que eu queria dizer: o Brasil é uma enorme Lagoa dos Negros. Os horrores da escravidão foram esquecidos e os bandeirantes, que assassinaram índios, transformados em heróis. As narrativas das comunidades quilombolas, dos povos de terreiro e das aldeias indígenas continuam fora da sala de aula, do museu, do monumento e da mídia, apesar de uma lei recente obrigar sua inclusão nas escolas.


O atual debate sobre a ditadura militar revela como a memória é apagada. Durante vinte anos, a repressão política seqüestrou, prendeu, espancou, torturou e exilou milhares de pessoas, deixando um saldo de 144 mortos sob tortura e 125 desaparecidos, cujos cadáveres não foram localizados, entre eles o do amazonense Thomaz Meirelles, aqui citado no domingo passado.

O texto completo voce pode ler aqui

foto: Lagoa dos Negros, na Serra da Barriga, União dos Palmares

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