A guardiã do diário

Estava na esteira da academia, malhando e assistindo ao noticiário, quando ouvi a chamada: morre a guardiã do “Diário de Anne Frank”. Eu nem sabia que Miep Gies ainda estava viva e pouco sei sobre ela, mas lembrei da minha adolescência, quando li o diário da menina judia, escondida numa parte camuflada de uma casa em Amsterdam...
Essa história me marcou muito. Fiquei muito tempo imaginando aquela menina privada de liberdade, que ainda assim conseguia sonhar, olhando o céu por uma pequena janela no sotão. Nunca imaginei que um dia, teria a oportunidade de conhecer a tal casa e a tal janelinha, mas tive...

Em 1991, quando era educadora sindical no sul da Bahia, fui convidada para participar de um congresso internacional de mulheres trabalhadores da cadeia do cacau, em Horn, na Holanda. Nós tivemos um dia livre, e eu contei para a Regina que tinha lido esse livro na adolescência e que gostaria muito de ver aquela janela, onde Anne respirava um pouco de esperança...

Regina é uma cicerone perfeita. Ela organizou um roteiro por Amsterdam que incluiu um passeio de barco pelos canais e a visita à casa que abrigou Anne Frank, transformada em museu, com a fachada normal e o armário que disfarçava o esconderijo, acessado por uma escada apertada que vai até o sotão, onde fica a tal janelinha que eu queria tanto ver.

Era primavera e o céu estava azul. Fiquei olhando a janela lá no alto e pensando em Anne Frank observando os galhos de uma árvore e sentindo o tempo passar... a emoção tomou conta...

Depois de uns anos, vi umas reportagens denunciando que aquele diário era uma fraude e não foi escrito pela jovem judia. Não sei o resultado da polêmica... mas sei que todo o sentimento naquele diário e a fresta de luz naquela janela eram bastante autênticos...


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